O brasileiro, na sua santa irreverência, uma forma meio lúdica, meio moleca, meio auto crítica, costuma dizer, quando as coisas não dão certo, ou que estão muito difíceis, "é porque alguém está pisando em rastro de corno".
É como dizer que falta sorte pra quem pisa no tal caminho. Aí, os mais irreverentes dizem até que tem os que giram em círculos, pisam no próprio rastro. Coisa de brasileiro/nordestino/cearense, um eterno gozador de si próprio.
Olhe, essa conversa é pra avaliar a seca que teimosamente castiga o Nordeste, o Ceará como foco central, eis que vivemos um quinto ano consecutivo sem um inverno decente, algo que nos deixe água acumulada, feijão e milho velho verde fora das áreas irrigadas, por exemplo.
E com isso sofrem todos os povos, todos os agricultores, todos os que compram bens e serviços. Mas falo isso com um certo constrangimento, apesar da verdade do que digo.
Dizia dom Helder: “Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra”.
Não sou e não vou negar a seca e nossos mais indiscretos instintos, como o de contar essas irreverências que nos credenciam a ser verdadeiros. Aí é a parte da lealdade, mas discreto e silencioso é impossível. Quanto tempo se fala em seca no Nordeste, no Ceará?
Desde que o mundo é mundo e então Deus mandou gerar e parir o DNOCS. Alguma hora deu certo, pelo menos para os ladrões das emergências e dos caçacos.
Dos que montaram os criminosos fornecimentos ou ainda os que devam ter desviado alguma grana da Transposição do Velho Chico. Sei lá.
Fica a impressão,quando se vê a mancha da seca no mapa que continuamos se não andando em círculos, caminhando em cima de rastro do que já disse acima.
Mas diz ainda o populacho: "Todo castigo pra corno é pouco".
(Por Macário Batista, jornalista).
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