domingo, 21 de setembro de 2014

POLICIAL NÃO É PROFETA!


A grita foi geral da comunidade icoense, nesse final de semana, em face de homicídios ocorridos barbaramente no torrão da Ribeira do Salgado e, pasme, sem identificação alguma dos facínoras que roubaram as vidas alheias, com a mesma naturalidade de Pilatos, ao lavar as mãos em detrimento ao sofrimento de Jesus de Nazaré.

Pela diligência policial, ainda em andamento, tudo levar a crer, como se define no falatório dos atentados criminosos, que foi o chamado “acerto de contas”, entre indivíduos que militam na "venda de drogas" e, hoje, com “comércio” próspero no campo e na cidade.

Culpar a Polícia, a Espada da Justiça, a Segurança Pública, o Estado no sentido lato sensu, parece numa rápida leitura, instrumento duma indignação legítima, porém, ao passo que o crítico também, “nunca viu nada; nunca sabe nada; e nada tem a declarar à polícia”. 

A indignação, por esse viés e omissão, restará à perversa verdade: criminoso solto, vidas levadas a óbito, e, a reclamação do povo bem viva e diária cotidianamente.

Policial não é profeta. Se não existe denúncia, mesmo que anônima, não existirá prisões. Simples assim!

E antes da pedrada, lembre-se: advogado não faz apologia a crime algum e nem se sensibiliza com seus praticantes. 

Com quase 24 anos de militância na advocacia – entre formatura e estágio -, confesso que realmente teve uma metamorfose enorme, para conseqüências horríveis, na atualidade. Nos presídios, antigamente, repousavam com a responsabilidade do Estado\SEJUS, alguns transeuntes rotineiros de Icó que bebericavam umas caninhas e outros meios etílicos nos finais de semana e, de conseguinte, praticavam a chamada embriagues e desordem, onde apelidávamos de “bonecos”; homicidas de brigas familiares; discussões de vizinhos que resolviam pela não civilidade e, daí, se agrediam fisicamente; um descuidista aqui e acolá; ameaças, estelionatários, et cétera e tal. Eram as maiores tipificações penais.

Na Casa de Câmara e Cadeia, antigo presídio do município, observava-se como natural que pessoas simples do povo, passavam por lá para emprestar alguns trocados aos presos, seja para um lanche rápido, e\ou para comprarem um cigarro, um pacote de bolacha, pra passar-lhes o tempo...

É lógico que a realidade é outra! É bem diferente!

Chego aos 44 anos de vida e, da minha festejada adolescência, até os dias atuais, não tenho nenhum contemporâneo, amigo de infância, que fosse (ainda continua assim), envolvido com drogas, violência, ou afeitos a ferir o ordenamento jurídico penal.

E graças a Deus, grande parte deles – os meus amigos -, está em Icó e, continuam sendo cidadãos honrados, prestimosos, pais de famílias e esposos exemplares de nossa sociedade.

O que houve para repentinas mudanças? A modernidade é a culpada da democracia inversa? A educação deseduca? Os pais perderam a noção do tradicional conselho aos filhos? A omissão virou cúmplice da violência? O acreditar na paz, no amor, no compromisso dito e feito, estão, todos, mudando de endereço? A fé não remove mais montanhas?

Pois bem, dia 29 de setembro, às 9h, no Centro Social Urbano de Icó, o correto juiz de direito de nossa comarca, Dr. Ricardo Alexandre; idem Dr. Thiago Marques, Promotor de Justiça, estão convocando a sociedade pra discutir sobre violência, leia-se, segurança pública.

Clubes de serviços, aparato policial, igreja, sociedade, indignados, pais de famílias, jovens, enfim, todos devem comparecer.

A lei é dura, mais é a lei. Que prende e que também pode soltar.

Mas a polícia não é profeta e, a omissão com certeza, “a dona de todos os crimes”.

Essa é uma tarefa pra adultos e cidadãos!

(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado).

          

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