quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Famílias de Icó preservam tradição de montar presépios

 


A influência comercial e a troca de presentes acabam afastando o sentido religioso do Natal. Mas em uma das cidades mais antigas do sertão cearense, Icó, na região centro-sul do Estado, famílias mantêm a tradição de montar presépios neste mês para lembrar e celebrar o nascimento de Jesus Cristo.

Na casa da artista plástica Nailê Duarte, a lapinha toma conta de parte da sala de visitas. As imagens do menino Jesus no presépio, José, Maria, os três reis magos e a formação de uma pequena vila, com anjos, animais e outros personagens embelezam o espaço e criam um clima de paz.

O presépio recebe luzes coloridas e brilhantes. “Aqui mantemos a tradição da família”, reforça Nailê Duarte. “Não há sentido um Natal sem paz, sem amor entre as pessoas e sem se lembrar do Menino Deus”.   

O clima natalino está espalhado por outros espaços da casa da artista plástica. A montagem contagia as crianças. Davi Lucas Duarte, um dos netinhos, ajuda na montagem da lapinha. Aos sete anos já se diz devoto de senhor do Bonfim e aprendeu com a avô a importância desse período afirmando que “é de muita alegria e rezo pela nossa paz e pela nossa saúde”.    

Maria Clara Braga, 5 anos, fez uma lapinha “só para mim porque vi que minha vó fez a dela e queria uma também”. A menina lembrou que a bisavó já montava lapinha. “Coloquei os animais, os anjinhos e o menino Deus”.  

No centro histórico de Icó, muitos moradores se dedicam ao trabalho de montar as ornamentações natalinas em cada casarão da época colonial. Outra tradição também mantida, embora por poucas pessoas, é plantar arroz em pequenas vasilhas que servirão para ornamentar as lapinhas quando germinarem.

Josileide Almeida, professora aposentada, lembra que, desde os sete anos, via a mãe montar a lapinha. “Até hoje mantenho a tradição, mas sempre renovando e no dia da festa de Nossa Senhora da Conceição (8 de dezembro) planto o arroz para usar na decoração do presépio e celebrar a vida com alegria”.

Esses locais viram atração, mas por conta da pandemia do novo coronavírus, muitos deixaram de ser enfeitados neste ano, como a casa do aposentado Luiz Gonzaga, que era um dos atrativos da cidade.

Os tradicionais casarões estão fechados para receber o público por conta da pandemia, mas a tradição de celebrar o Natal em família permanece viva.

Capela do Socorro

Uma das mais tradicionais lapinhas de Icó é montada na capela do Socorro, que fica atrás da igreja matriz de Nossa Senhora da Expectação. São milhares de peças: camponeses, pastores, a mulher rendeira, animais, réplicas de casarões antigos da cidade, que compõem o cenário. “Lembramos o Icó antigo na homenagem ao nascimento de Jesus Cristo”, disse um dos montadores, o comerciário Marciano Tavares.

monsenhor Afonso Queiroga lamentou que “as festas com muita comida, bebida, os preparativos, preocupações com presentes, roupas e cabelos ocupem mais espaço do que a celebração do nascimento de Jesus Cristo”.

O religioso reforçou o apelo para os cristãos pedindo que “façam momento de oração, de agradecimento e entendam o significado da chegada de Jesus Cristo para a humanidade”.

(DO DIÁRIO DO NORDESTE).

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