Dr. Paulo Quezado não é somente um professor e advogado renomado do Estado do Ceará, quiçá do Brasil, mas um extraordinário amante do seu torrão Aurora - fincado na região da fé do nosso Cariri - que se envolve de corpo e alma com as tradições populares, religiosas e com as histórias que ele escuta em todos os quadrantes do Estado.
Certa feita, foi contratado por uma família importante do município de Cedro para patrocinar uma complexa causa na área criminal e de repercussão regional.
Por cautela e compromisso, diante do horário para o início da audiência já agendada, resolveu pernoitar na cidade.
Homem simples do nosso cotidiano, hospedou-se em uma pousada onde já acolhia pessoas de diversas profissões.
Servido o café da manhã nos primeiros raios do sol, eis que um cidadão em torno de 50 anos de idade e envolto com uma toalha no pescoço, reclamava:
- "A culpa é do finado Noé; a culpa é do finado Noé; a culpa é do finado Noé".
Certamente que a repetida reclamação, sem os devidos esclarecimentos, chamou a atenção dos demais presentes no café da manhã da pousada.
Atento, Dr. Paulo cuidou de perguntar.
- "Senhor, com o devido respeito, qual é culpa do Noé nessa história mesmo?".
E a explicação veio em seguida:
- "Como não pude pagar por um quarto com ar-condicionado, no meu só tinha um ventilador e as muriçocas que Noé trouxe em sua Arca não me deixaram dormir".
Encabulado com a situação, o proprietário da pousada resolveu não cobrar a dormida do homem que delegou a Noé as muriçocas do Cedro.
(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).
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