Não que eu imaginasse que o Cemitério Velho do Icó fosse o Cimetière du Père Lachaise, com todo o seu charme parisiense, todavia ele é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e como o status supõe deveria ser cuidado e zelado, mas, ao contrário, está num verdadeiro abandono.
Considerando ainda que seja ali, e não em París, que estão sepultados nossos entes amados e os vultos de nossa história. É por ele que temos que zelar e exigir dos poderes públicos e dos particulares a atenção que lhe é devida.
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As necrópoles também revelam o modus vivendi e o modus morrendi de uma civilização.
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Por onde será que anda o Iphan?Tolo eu imaginar que estaria em melhor estado. Se o local dos vivos – que reclamam - é mal cuidado, como é o caso da Casa de Cultura Mariínha Graça, imagine a residência dos mortos, que são esquecidos logo na primeira semana depois da partida.
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As necrópoles também revelam o modus vivendi e o modus morrendi de uma civilização.
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Por onde será que anda o Iphan?Tolo eu imaginar que estaria em melhor estado. Se o local dos vivos – que reclamam - é mal cuidado, como é o caso da Casa de Cultura Mariínha Graça, imagine a residência dos mortos, que são esquecidos logo na primeira semana depois da partida.
E assim entrei no velho cemitério amontoado de túmulos.
Os vândalos haviam arrancado tudo que era coisa feita de bronze ou que aparentemente tinham algum valor venal: Cristos, porta-retratos, puxadores falsos de gavetas... As memórias dos mortos já esquecidas, mais esquecidas eram.
Alguns restos de ossos misturavam-se com a terra quente, solta, e madeiras de caixões desprezados escondiam-se por trás de alguns jazigos.O que procurava ali: Memória. História.
Para um genealogista ou pra quem gosta disso é uma grande alegria descobrir alguma centenária novidade.
Porém mais do que a memória, em cada túmulo com algum indicativo uma história humana, ali “repousa” alguém que viveu, sofreu, chorou, amou, teve ambições, sonhos, esperanças, hoje é apenas uma tênue lembrança inofensiva...E assim foi, com a máquina fotográfica digital em mãos tudo, tudo foi fotografado, registrado para a posteridade.
Ou para provar o que digo.Perguntei ao coveiro:- Você sabe onde....?
Ao que ele me respondeu:- Parece que.... (ele, coitado, não sabia de nada).
Sabia apenas de defuntos novos, que enterra no dia a dia... O dia a dia de enterrar – e desenterrar - gente é apenas um negócio, mais nada, é rotina, assim como vender tapioca ou o ofício das parteiras, ou das macumbeiras... ou dos funcionários públicos sempre à espera do novo contracheque, mais nada.
E o velho Cemitério do Icó, tão antigo quando a cidade, tombado por tombar. Com suas histórias e lendas, lembranças velhas e novas, ali abandonado à espera de um novo hóspede que será esquecido na primeira semana!
Bem que ele poderia ser bem cuidado, as alamedas calçadas, atenuando o calor e sol com alguma planta, os túmulos bem identificados. A história é construída por pessoas, pelas vivas e pelas mortas.
Seria uma aula de História do Icó, porém a ignorância pública faz com que nosso Velho Cemitério ou Cemitério Velho como constam nos atestados de óbito seja apenas um lugar a ser evitado.
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Postado por Opinion.
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