sexta-feira, 3 de agosto de 2012

MACÁRIO ESCREVE COM A LEVEZA DE QUEM CONHECE O MUNDO E AS PESSOAS. VEJA SEU TEXTO.

DEU NO BLOG DO JORNALISTA MACÁRIO BATISTA.

Educar demora, mas é o caminho.

Um dia, numa viagem de trabalho, o querido jornalista Nelson Faheina ficou assustado com uma “banca” de jornais em Viena. Era um plástico transparente, preso a um poste com os jornais dentro. Algum dinheiro dentro, além dos periódicos. Como é isso, perguntou Faheina. Simples, respondi. Você tira o jornal, põe o dinheiro e se necessário faz seu troco. E isso dá certo, indagou Faheina. Claro, respondi. 

As pessoas precisam de notícia pra saber o que ocorre no mundo, na cidade dele. Se levar o jornal sem deixar o dinheiro, não só será ladrão, como estará contribuindo para que o jornal feche e todos fiquem sem notícias. Mais adiante, em Zurich, comprei nossas passagens no bonde numa máquina, dessas que dá o bilhete e o troco do dindim posto lá para o destino programado. No final da viagem, sem ninguém à volta, nosso Faheina voltou a ficar intrigado; E cadê o cobrador? O que eu faço com o bilhete? Nada, respondi. 

Simplesmente guarda de lembrança. E o cobrador? Não tem, Faheina. As pessoas pagam a passagem porque precisam o transporte público de qualidade. Se uma peça quebrar, uma cadeira for rasgada por algum imbecil tem que ter dinheiro para arrumar. Tem que ter dinheiro pra pagar a energia elétrica do bonde, tem que ter dinheiro pro cumprimento exato dos horários em cima de minutos, expliquei. 

Então, se o cara não pagar a passagem corre o risco de um dia não ter o bonde sobre os trilhos e todos ficarem sem a mobilidade. 

Inteligente, Faheina, entendeu como entendeu que quando o sinal é fechado pro pedestre, mesmo que não venha nenhum veículo pela via, é pra esperar que seja liberado o sinal verde para sua passagem. É um processo longo de educação, mas foi e é eficaz. 

Aqui no Ceará, o prefeito Agenor Neto, de Iguatu mandou plantar um tipo de flor ao longo da estrada de ferro que corta a cidade. Na primeira semana levaram tudo. Mandou replantar. Levaram a metade. Mandou replantar, deixaram 90%. Mandou replantar. Nunca mais precisou. 
O povo entendeu que aquilo era pro bem de todos e para o embelezamento e bem estar da cidade. 

Conto isso pra fazer só uma pergunta: E se a gente educar o povo de Fortaleza a passar na velocidade certa pelos túneis da Washington Soares ao invés de impor 40km como velocidade sob pena de multa?

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