terça-feira, 4 de novembro de 2014

Opinião: E quem seriam os justiceiros dos justiceiros?


No início do ano um adolescente supostamente contumaz na prática de pequenos delitos foi amarrado nu a um poste no Rio de Janeiro. Esse episódio desencadeou um amplo debate nas redes sociais e a ação dos justiceiros foi elogiada por muitos, afinal, segundo alguns relatos, ninguém aguentava mais a omissão do Estado.

Esta semana, após alguns meses de investigação, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu vários jovens de classe média por tráfico de drogas, sendo que alguns são ainda investigados por roubos, furtos de automóveis, estupro, receptação, tentativa de homicídio e por integrarem uma quadrilha especializada em espancar menores infratores, incluindo o adolescente que foi amarrado ao poste.

Aos defensores de justiçamentos faço agora uma pergunta, e agora, quem serão os justiceiros desses rapazes de classe média? É isso mesmo que defendem, a justiça com as próprias mãos? Não é difícil quem trilha por esse caminho ter um perfil mais criminoso do que aqueles alvo de suas ações.

Por mais ineficiente que possa ser o Estado ainda é preferível esperar pela Justiça Pública a estimular e enaltecer a ação de justiceiros, cujas ações são normalmente ditadas pelo oportunismo, conveniência e interesses próprios de um grupo.

(Por Dr. Ítalo Moreira, Promotor de Justiça do RN).

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