A poucas horas da votação de proposta que extingue
o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), oposição subiu o tom ontem contra a
medida na Assembleia. Em clima de “tudo ou nada”, Odilon Aguiar (PMB) criticou
colegas e acusou o governo Camilo Santana (PT) de interferência no processo. Na
tarde de hoje, a proposta terá parecer votado em comissão da Casa.
Em longo discurso, Odilon acusou o governador e o
presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (PDT), de “atropelarem” normas e
pressionarem deputados pela extinção da Corte. Ele ainda acusou ambos de
possuírem interesses próprios com aprovação da medida, uma vez que possuiriam
processos contra eles ou contra parentes em Tribunais de Contas do Ceará.
“Zezinho Albuquerque lidera pessoalmente a operação
para extinguir o TCM. Desrespeita o Regimento Interno, recolhe assinaturas,
pressiona deputados, atua como articulador-mor das tramas e conduz a tramitação
a seu bel-prazer, atropelando as mais elementares normas”, disse, em discurso
que teve transcrição divulgada à imprensa por sua assessoria.
Reta final
Encerrando
“novela” de semanas, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR)
votará hoje parecer de Osmar Baquit (PSD) pela aprovação da medida. Caso o
grupo aceite o relatório, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
extingue o Tribunal já pode ir amanhã ao plenário da Casa.
“Só quatro estados possuem dois tribunais. Será que
eles que estão certos e todos os outros errados?”, questionou Tomaz Holanda
(PPS). “Odilon chegou aqui e esbravejou. Chato é querer usar um poder para
intimidar prefeito, ex-prefeito e vereador, isso que é incorreto”, disse.
Vice-líder do governo, o deputado Julinho (PDT)
minimizou acusações de Aguiar e destacou que processos hoje no TCM serão
transferidos para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) sem qualquer prejuízo.
Já Zezinho Albuquerque afirma que não irá se manifestar sobre o caso.
Afirmando que a oposição irá recorrer de uma
eventual aprovação da PEC, Odilon destacou ainda que a proposta jamais foi alvo
de um debate “real” pelos deputados. ““A ponto de não participarem da única
audiência pública que houve (...) entraram calados e saíram mudos”, disse o
deputado.
Saiba mais
Regimentalmente, recesso dos deputados deveria ter
começado na última sexta-feira, mas acabou adiado até a votação da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2018. O atraso ocorre após estratégia da
oposição em adiar a discussão com diversos recursos protelatórios na Casa.
No papel, a causa do adiamento das férias da
Assembleia é a tramitação da LDO, projeto que precisa ser aprovado antes da
folga geral.Na prática, motivação maior da base governista é da votação da PEC
do TCM.
Defendida por Heitor Férrer há vários anos, fim do
TCM só conseguiu apoio após reeleição de Zezinho Albuquerque (PDT) na
presidência da Assembleia. Durante o pleito, houve acusação de que conselheiros
estariam pressionando e ameaçando deputados por apoio ao adversário de Zezinho,
Sérgio Aguiar (PDT).
Entre eles, estariam Chico Aguiar, pai de Sérgio, e
Domingos Filho, eleito presidente do TCM com apoio de Chico. Na Assembleia,
opositores acusam a base aliada de usar a PEC para “retaliação”.
Segundo Férrer, objetivo da proposta é gerar
economia ao Estado, uma vez que não seria necessária a existência de dois
Tribunais de Contas. Ele afirma que ação não prejudicaria fiscalização, com
incorporação de técnicos do TCM pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Oposição discorda e diz que medida prejudicará a fiscalização.
(O POVO)
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