quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

ICÓ E SUAS FORMAS SIMBÓLICAS ESPACIAIS.

Sempre quando falamos de uma cidade, pensamos nos elementos que a caracterizam, sejam eles de natureza econômica, histórica, política, ambiental ou cultural. Elementos que podem ser pensados de maneira não mutuamente excludentes.
Entretanto, ao pensar em Icó, nos remetemos ao seu processo de formação histórica que engendrou uma organização espacial marcada por um acúmulo de densidades simbólicas nos quais estão expressas nesse rico espaço privilegiado representado por seu centro histórico. Assim, farei algumas considerações nesse breve artigo, sobre suas formas simbólicas ensejando uma assim uma leitura desse rico acervo arquitetônico.

Podemos iniciar nossa leitura falando das representações simbólicas que a cidade oferece. Entendemos que cada habitante percebe o patrimônio tombado, uma vez que a cidade se oferece e se retrai segundo a maneira como é apreendida. E essas representações são construídas no cotidiano, nos conduzindo a certa nostalgia que parece nos fazer acreditar que a cidade não corresponderia mais ao signo porque se teria tornado excessivamente percebida graças à banalidade exibida pelo monumento.

Nosso velho centro histórico com seus sobrados, igrejas, casarões e becos articulam-se num ordenamento urbano, onde as velhas insígnias evocam a cidade mítica da qual não mais encontraremos, talvez olhando ao acaso, os poucos vestígios escondidos, ainda nos remeta a um passado que delimita passado e o presente eivado de uma “condição pós-moderna” como nos fala Harvey[2].

As formas simbólicas espaciais, aqui representadas através de seu patrimônio, ensejam ainda falarmos em um imprescindível e constante trabalho de Educação Patrimonial, no qual se conjuga pela conscientização e o envolvimento de todos que vivem na cidade.
A preservação do acervo arquitetônico bem como nossa maior riqueza associada ao patrimônio imaterial – A Festa do Senhor do Bonfim – encerram um processo permanente e sistemático que reafirma nossa identidade e também a cidadania.

Difícil concluir um tema tão instigante, mas entendemos que as formas simbólicas presentes em Icó devem passar por um conhecimento crítico de cada cidadão bem como uma apropriação consciente, fatores estes indispensáveis no processo de preservação e que deve ser deixado como herança para as gerações futuras.
Por Otávio José Lemos Costa.

[1] Professor do Depto. de Geografia da UECE. Doutorando em Geografia no PPGG/UFRJ
[2] HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 2003.

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