sábado, 11 de maio de 2013

DO OPINION.


ECOPRANTO PELO RIO SALGADO


Na minha aldeia tem um rio
Tão salgado como a vida de meu povo
Tão sofrido como as viúvas pobres,
O pai de família desempregado,
O vaqueiro sem boi.

Na minha aldeia tem um rio
Ora manso como um cordeiro
Ora voraz com um leão
Invadindo casas, plantações, gentes
Plantadas em seu vale!

Na minha terra tem um rio
Que leva para o mar o suor de meu povo
O sangue das mulheres paridas
O lixo dos quintais
O suor das lavadeiras!

Na minha terra tem um rio
Com seu cheiro único
Cheiro da minha terra,
Cheiro da minha mãe
E da roupa lavada e secada em seus areais quentes!

Na minha terra tem um rio
Cheio de saudades de recordações
Dos seus seixos, dos seus peixes miúdos
Do boi, da vaca que saciam sua sede!

Na minha terra tem um rio
Que sentei em sua margem
Nas suas areias e chorei...

E o vi e o vejo
Aos poucos morrer
Com seu sangue contaminado
De quilômetros de descaso
Pela falta de políticas públicas

Ver o seu bioma, o bioma da caatinga
Esvair-se no assoreamento de suas margens
Já sem aves de arribação
Sem sariemas nem garças

Na minha terra tem um rio
Que sentei em sua margem
Nas suas areias e chorei...

Crédito imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Salgado

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