Nossa
história corre há 300 anos por uma estrada que referencia todo o povoamento do
sul do Estado do Ceará.
“Montes e
Feitosas”, primeiros a penetrarem as terras da tribo dos Icós, guerrearam entre
si e contra os habitantes naturais do solo icoense. Expulsaram os índios e se
apoderaram das margens do Rio Salgado e da
soterrada Lagoa da Torre. Fundaram as primeiras habitações, as primeiras
capelas, os primeiros sinais de urbanização.
Durante
o ciclo do Couro e do Charque, portugueses e franceses fizeram grandes riquezas
exportando os produtos do Icó para a Europa e construíram um gigantesco e
monumental patrimônio arquitetônico genuinamente português com alguns
traços neo-franceses, dentro dos padrões
do barroco e do colonialismo brasileiro.
Fazendas
de gado se espalharam pelo interior e o caminho das boiadas fazia de Icó um
forte empório comercial do interior nordestino. Comprávamos as boiadas do Piauí
e Maranhão e vendíamos toda sorte de produtos importados de Portugal. A
riqueza, o poder econômico e o poder político andavam de mãos dadas.
Passados
trezentos anos ainda guardamos a forte presença de um tempo grandioso. Todavia,
as marcas do modernismo indiscriminado, associadas ao desconhecimento e à falta
de amor a terra mãe, tem causado danos irreparáveis à nossa história.
Os
anos da história singraram por mares diversos e ainda sentimos o cheiro do
couro de gado esticado nas esquinas do velho mercado, com destino certo, embarcado
no porto de Aracati para o abastecimento do mercado europeu.
Hoje,
os nossos historiadores e poetas como Altino Afonso, Getúlio Oliveira, Paulo
Henrique, Luan Sarmento, Miguel Porfírio e alguns outros, sustentam, por amor à terra mãe, com a
beleza do conhecimento, as marcas que esta grandiosa cidade tem deixado na
estrada do tempo, tendo por testemunha os casarões que ainda insistem em
resistir, como flor do mandacaru que teima em renascer, mesmo contrariando os
ciclos escassos da natureza.
No
dia em que se comemora o aniversário do Icó (CE), dia 25 de outubro, desejo,
como filho deste chão, que dirigentes públicos e povo, olhem para esta cidade com a ternura e sensibilidade cultural devida(s), generosidade e bondade, com que os filhos observam sua mãe, certos de que: “quem ama, o bem
deseja”.
*Por
Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista.
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