Há 132 anos o Icó era a primeira cidade a libertar os escravos no Brasil.
"O Icó viveu horas inesquecíveis, traçou páginas imorredouras para a História, onde, desde a Independência, fulguravam provas de seu alto civismo".
Com estas palavras, a jornalista icoense Adilia de Alquerque Moraes [in memoriam] iniciava a narrativa de um dos principais acontecimentos do Brasil: A Abolição da Escravidão, cuja primeira cidade livre do império brasileiro foi a sertaneja cidade de Icó, encravada no Semiárido cearense.
O feridado estadual desta quarta-feira [25], quando celebra-se a Data Magna e em 25 de março de 1884 o Ceará libertava seus escravos de forma oficial, destaca-se no mesmo dia, mas um ano antes a libertação dos escravos ocorrida na cidade de Icó, de forma pioneira entre as cidades brasileiras, porém ainda pouco conhecida e divulgada.
ICÓ OU REDENÇÃO? Um certa confusão é causada ao se questionar quem teria libertado primeiro os escravos, com até relatos que chegam ao mítico. Na informação oficial, contudo incompleta, Redenção no Ceará é reconhecida pela libertação dos escravos ocorrida no dia 1º de janeiro de 1883.
Se olharmos para a data, de fato foi acontecido antes do Icó, entretanto, na época, Redenção, conhecida então como Acarape, era Vila e só viria a ser elevada a cidade em 1889. Apenas Icó já havia sido elevada a cidade em 1842. Em outras palavras, Redenção foi a primeira Vila a abolir a escravidão no Brasil, enquanto o Icó foi a primeira cidade do Império Brasileiro a extinguir a escravidão.
A COMEMORAÇÃO HISTÓRICA E A FALTA DELA HOJE - Apenas na data emblemática de 25 de março de 1883 o Icó celebrou seu pioneirismo. Além do jornal "O Libertador", um dos órgãos da imprensa cearense ligado à Sociedade Libertadora Cearense, o fato foi narrado de forma detalhada pela icoense e jornalista Adilia de Albuquerque e citado em um telegrama enviado pela cidade de Mossoró-RN ao jornal "O Libertador".
Dizia o telegrama publicado em 12 de abril de 1883: "Mossoró - Recebemos dessa cidade o seguinte telegrama: 'Parabéns ao Ceará pela libertação do Icó e de Baturité. O movimento libertador cresce e toma as maiores proporções. Viva a liberdade!'".
No dia 25 de março de 1883, o Icó via "os gritos de entusiasmo daquele grande povo, em êxtase de adoração da glória", apontou Adilia de Albuquerque de Moraes, que ainda destacou que a população de Icó foi acordada com "o estrugir de 21 tiros" e "os acordes do hino da 'Libertadora'", seguido de um "Te Deum".
A "festa da liberdade icoense" aconteceu no edifício do Paço Municipal, no salão nobre da Casa de Câmara e Cadeia de Icó, onde funcionava a Câmara Municipal de Icó, com o estandarte da "Libertadora Icoense" e seguiu-se de oradores em discursos inflamados pelo momento. Á noite, uma "grande mache aux flambeaux [marcha das tochas]" fechava o dia em que o Icó tornava-se o Brasil que precisava entender que todos somos iguais, todos somos seres humanos.
Atualmente, desde aquela data, o Icó pouco sabe e não comemora este feito histórico para si mesmo e para o Brasil. Apenas Mossoró, no Rio Grande do Norte, é a única cidade do Brasil a comemorar a libertação dos Escravos. Vale relembrar que juntamente com o Icó libertou seus cativos a cidade de Baturité na mesma data de 25 de março de 1883, entretando em razão de o Icó ser mais antigo, atribui-se a realização do feito aos icoenses.
Outro ponto a ser citado é o de que a jornalista icoense Adilia de Albuquerque Moraes [in memoriam] foi homenageada no III Festival da Cultura Icoense, realizado em 2013, quando na ocasião a comenda recebeu o seu nome e o evento prestou homenagem a sua atuação. A comenda foi entregue na oportunidade ao ativista cultural Moacir Brasil.
(ICÓ É NOTÍCIA).
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