O conjunto arquitetônico e urbanístico de Icó - tombado pelo Iphan, em 1998 - é considerado o melhor da arquitetura tradicional feita no Ceará, inclusive no plano popular.
Este patrimônio concentra-se em suas principais ruas, onde estão os bens de maior relevância e o traçado urbanístico imposto pelas normas da Coroa Portuguesa, no século XVIII.
Como toda a arquitetura tradicional produzida na antiga Província do Ceará, a de Icó também prima pela simplicidade e despojamento. A cidade conserva - com bastante integridade - um precioso acervo arquitetônico e a área delimitada para a proteção possui, aproximadamente, 347 imóveis.
A cidade foi a primeira a receber este tipo de tombamento - conjuntos urbanos protegidos pelo Iphan - e uma de suas maiores expressões é o centro histórico, que remonta ao período colonial.
Formada basicamente por portugueses e franceses, herdou uma rica arquitetura no estilo barroco com características próprias da Região Nordeste e com linhas do neoclássico francês.
Durante a exploração do ouro e a produção do charque, nos séculos XVIII e XIX, Icó progrediu como importante entreposto comercial do interior da Província do Ceará. Desse período também permaneceram inúmeras construções, verdadeiros documentos da ocupação do sertão nordestino pela pecuária.
Mesmo nas igrejas mais antigas, não existem trabalhos complexos e sofisticados de talha ou cantaria. O único edifício de traço mais erudito existente na cidade é o Teatro da Ribeira dos Icós, construção de linhas neoclássicas.
Alguns sobrados na cidade, localizados no trecho mais antigo da Rua Ilídio Sampaio, ostentam fachadas com elementos decorativos mais elaborados como gradis, cercaduras e revestimentos em azulejos portugueses. Também merece destaque o trabalho plástico nas edificações construídas ou remodeladas entre o final do século XIX e o início do XX.
Note-se a capacidade dessa arquitetura de adaptar o repertório básico da arquitetura brasileira do período colonial ao meio agreste e à escassez do sertão.
Centralizando o caminho das boiadas, Icó tornou-se o mais importante entreposto comercial do interior da Província do Ceará.
Datam dessa época a construção de igrejas, da cadeia, do mercado e de sobrados com belos azulejos portugueses. Seu desenvolvimento entrou em declínio com a queda da exportação dos produtos derivados da criação de gado, em consequência das sucessivas secas e da entrada no mercado nacional do gado criado nas pastagens do Sul e Sudeste do Brasil.
O enfraquecimento político e econômico contribuiu para a preservação de grande parte do patrimônio arquitetônico e urbanístico da cidade. A nova área de expansão urbana surgiu a leste do rio Salgado, poupando o núcleo histórico de maiores alterações.
Uma das suas características é o traço determinante do urbanismo colonial da região: a implantação da cidade, apesar de dependente, de “costas” para o rio Salgado, afluente do rio Jaguaribe. Seu valioso acervo arquitetônico encontra-se conservado, em sua maior parte, apesar da descaracterização na paisagem, testemunho da ocupação do sertão nordestino.
História - No início do século XVIII, as tribos indígenas que habitavam a região se opuseram tenazmente aos colonizadores. Entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago mandou erguer uma paliçada de defesa e proteção dos moradores da ribeira do rio Salgado contra as investidas dos índios.
Neste local, surgiu um arraial, a atual Icó. Após lutas sangrentas entre sesmeiros, colonizadores e indígenas, o padre João de Matos Serra, prefeito das Missões, obteve a pacificação.
Com o fim das lutas, o Arraial da Ribeira dos Icós floresceu e se desenvolveu nos arredores da Capela de Nossa Senhora da Expectação. O povoamento e o desenvolvimento da região coube às famílias Monte e Feitosa, que desfrutavam de grande prestígio e dominavam vastas áreas do território.
Em 1736, o arraial foi elevado à categoria de vila com a denominação de Arraial da Ribeira dos Icós.
O arraial se transformou na Vila do Icó, localizada na área mais dinâmica da Capitania do Ceará, em ponto estratégico do cruzamento de duas importantes vias de comunicação colonial: a Estrada Geral do Jaguaripe ligava o Ceará a Pernambuco (Porto de Aracaty-Icó-Cariri) e a Estrada das Boiadas ou dos Inhamus (ligação do Ceará com o Piauí e a Paraíba).
Também convergia para Icó, a Estrada Nova das Boiadas que partia de Sobral e atravessava o sertão central do Ceará.
Em meados do século XVIII, a Capela de Nossa Senhora do Ó (padroeira do povoado) foi erguida por Francisco Monte, período em que a vila alcançou um grande desenvolvimento econômico propiciado pela criação de gado, em todo o Nordeste.
A vila funcionava como um ativo centro de comercialização do gado em pé pela sua posição de polo coletor e distribuidor no sertão. Fruto desta prosperidade é o conjunto de sobrados construídos no núcleo histórico.
No século XIX, como um dos centros comerciais e culturais mais importantes do Ceará, a vila foi elevada à condição de cidade, em 1842.
Monumentos e espaços públicos tombados:
- Teatro da Ribeira dos Icós; Sobrado do Canela Preta; Casa de Câmara e Cadeia; Largo do Theberge; e as ruas Dr. Inácio Dias, Ilídio Sampaio, Regente Feijó, Frutuoso Agostinho e 7 de Setembro, entre outros.
Casa de Câmara e Cadeia -
Construída entre o final XVIII e início do século XIX, é uma das maiores e mais importantes do Estado, com original sistema de grades de ferro para isolamento das celas.
Em 1780, a obra foi paralisada devido à utilização do barro para seus alicerces e retomada em 1800, pelo capitão Roberto Correia da Silva, utilizando pedra e cal.
Em 1862, as instalações foram transformadas em enfermaria para as vítimas da epidemia de cólera, com a Capela de Nossa Senhora da Expedição. No pátio, estão a capela e dois alojamentos para soldados.
#Da página: Fazendas Históricas.
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