quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

EXPOSIÇÃO “BRUTA FLOR”




A exposição multimídia Bruta Flor é um convite ao olhar sensível, atencioso e afetuoso para conhecer Zé. Essa personalidade, tão querida em Orós, Sertão do Ceará, é Flor e, também, é Bruta. Aos olhos de Mateus Leandro, foi capturada em sua essência: força, simplicidade e o carisma de ser quem se é.

Então, quem é Zé? Nas 20 molduras da exposição, é possível apreender suas diversas faces que respondem a essa pergunta. É quem lava roupa às margens do Açude Orós há 40 anos como fonte de renda; é quem cuida de lares e, portanto, conhece toda sua comunidade; é quem trabalha com agricultura e tem o corpo marcado pelo Sol quente e pelos 62 anos de idade; é quem tem respeito e carinho por si, de modo que não larga mão de vestir-se como quer, ainda que isso tenha feito com que fosse expulsa de casa aos 15 anos, quando assumiu para a família também sua orientação amorosa-sexual.

Acima de tudo, faz-se necessário abrir a mente e deixar com que as fotografias nos apresentem Zé; uma vez que ela, por não ter tido acesso a informações que lhe auxiliassem no entendimento de sua orientação sexual e afetiva, bem como sua identidade de gênero, se coloca neste mundo – e não diria apenas – como Zé.

Nesse sentido, o projeto de exposição multimídia Bruta Flor não é somente individual, tão logo que se propõe a visibilizar as vivências de uma transexual na meia idade que vive no Sertão do Ceará, criando narrativas, por meio das fotos, sobre qual realidade ela está inserida, e sua história se assemelha ou reflete na vida de tantas outras. Além de contemplar um vídeo documentário sobre o processo artístico do projeto, que nos permite entender o fazer poético, a partir da afetação dos produtores, e a prática, à medida em que envolvidos formam a obra Bruta Flor.

Por fim, o convite da Exposição para que conheçamos Zé é, ainda, um convite para contemplarmos a Natureza, uma vez que Zé é capturada pelas lentes do fotógrafo em um cenário de belezas naturais de Orós. Assim, que não nos confundamos,  Zé é Bruta Flor dessa Natureza e é, sozinha, um sertão.

(Da página do Theatro José de Alencar).

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