segunda-feira, 12 de abril de 2010

NO TEATRO DA RIBEIRA: 150 ANOS DE UM GRANDE ESPETÁCULO.

Como contar a história de um teatro que foi o primeiro a ser construído no Ceará? Como fazer um breve resumo de toda a história de um símbolo cultural de uma cidade e de um Estado?
Essas perguntas demonstram a responsabilidade, mas a importância da história do Teatro da Ribeira dos Icós, que completa em 2010 seus 150 anos.

Apesar das dúvidas sobre a real data de construção e finalização, o número "1860", dentro da casa de espetáculo traz à tona a provável e praticamente certa época no qual a ideia de um tal médico francês se tornou realidade.
PEDRO THÉBERGE - Na verdade, "um tal médico" é muito simplista. Esta figura para o Icó foi e é de uma importância sem precedentes, até hoje relegada pelos próprios administradores e parte da população icoense.
Saber do Teatro é, antes, saber quem o fez. E Pedro Franklin Theberge, seu idealizador, nasceu longe, mais precisamente em Marcé, França, em 1811.Se formou em Medicina em 1837 e em 1838 seguiu para Recife, Pernambuco, um dos centros mais importantes da época, no Brasil.
Chega ao território do Brasil com sua esposa Maria Elisa Soulé Théberge e seu filho, Henrique Théberge.
Em 1841, auxilia na fundação da sociedade de Medicina de Pernambuco.O ano é 1845. Neste período, Théberge chega ao Icó, uma das mais importantes da época no Ceará e entreposto na região, formando a tríplice força cearense juntamente com Aracati e Sobral. No Icó de então, a população estimada chegava a 5.000 habitantes e seu território se perdia de vista.O trabalho de Pedro passou, então, a ser os habitantes da região do Salgado e parte do Jaguaribe.
AMOR DE PEDRO AO ICÓ: O TEATRO - O carinho e amor ao Icó do médico sanitarista francês foi capaz de materizalizar-se em um Teatro com recursos próprios, uma ousadia para a época e em pleno sertão brasileiro.
Mais que isso, uma casa de espetáculos que serviu de abrigo (hospital) aos doentes de cólera-morbus, que atacou o Icó sem piedade (um morto para cada vivo).Porém, no dia 8 de maio de 1864, o médico francês e já icoense faleceu, aos 53 anos, na cidade que o acolheu e cuja recíproca foi verdadeira.
Em 2009, se completou 165 anos do falecimento de Pedro Théberge. Os restos mortais foram levados para a Igreja Senhor do Bonfim e onde está a lápide, em latim, com os dizeres "Aqui jaz os restos mortais do Doutor Pedro Thebérge, que como viesse da França para o Brasil, tornou-se querido e aceito por todos. Por isso sempre dizia, sou francês de nascimento, porém brasileiro de coração".
Segundo as informações do historiador Miguel Porfírio (in memorian), no seu livro "Icó em Fatos e Memórias - Volume II", em uma reforma da Igreja do Senhor do Bonfim, as urnas funerárias foram retiradas da parede e por muito tempo teriam ficado abandonados. Depois, teriam sido levados para ser sepultado no cemitério antigo.
ESQUECIMENTO - O descaso e esquecimento deste ícone de Icó não podem ser deixados de lado, e aqui trazemos este texto para iniciar uma série de reportagens a cerca do Teatro da Ribeira dos Icós. Aqui, mais do que uma reverência, traremos para o debate a utilização e conservação deste espaço da cultura icoense.
Que a engrenagem da cultura icoense começa a girar sem parar.
* Informações do artigo de Paulo Henrique Amorim Amâncio e do livro "Icó em Fatos e Memórias - Volume II".

(Postado por Yuri Guedes).

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