Acordei bem cedo, aqui
na tricentenária Ribeira do Salgado dos Icós, escutando o belo Canto do Galo
Caipira da minha estimada vizinha Elisa Angelim, que recentemente festejou seus
96 anos de idade com pura lucidez, e, tal qual este escriba, até os dias atuais
espera “O Sertão Virar Mar”, que um
dia profetizou em “Os Sertões”, Euclides
da Cunha, publicado em 1902.
Em outro contexto
histórico, por isso lembrei o Euclides, quando nos chamou a atenção para a
guerra de Canudos, que foi liderada pelo cearense Antônio Conselheiro, conterrâneo
da cabeça chata de Luizinho Girão e Edmilson Júnior, ocorreu
na última sexta-feira em Icó, em que um grupo de cidadãos fez um levante com
queima de pneus e barricadas, impedindo, pois, que “Carros-Pipares” abasteçam com as águas limpas do Açude de
Lima-Campos, propriedade do finado DNOCS ao estado da Paraíba, parece estar se repetindo.
A guerra de
Canudos foi por uma sociedade justa, humana, igualitária e sócio-religioso; a
de Lima-Campos é somente por água!
Como diria o repórter Deusimar de Oliveira,
agora travestido de Lima-Campos vamos à
luta, "a água de beber não pode nos faltar".
Mas em terra de
sábios e sabidos, os pipeiros do Estado da Paraíba pegaram o mote de Clóvis
Bevilacqua, que um dia escreveu em nosso código pátrio, “que á água é de uso comum do povo”, e, daí, 170 (cento e setenta) carros tanques se
fartam as custas de nosso Açude de Lima-Campos.
Outrossim, o nosso
Deusimar de Oliveira - o conhecido Carrasco do Tucunaré, empolgado transmissor
das boas novas do seu distrito limacampense através de emissoras de rádio,
diligenciou e descobriu, que os paraibanos “estavam
matando a sede de seu povo, mas como sabidos os são, negociando por vil metal
as nossas águas levadas de forma graciosa”.
"Assim é demais para o meu visual",
gritou o radialista Richard Lopes, em apoio a Oliveira!
Padre Cícero,
lembrando os prenúncios de tempos de seca, certa feita em um de seus sermões,
afirmou que em breve “só existirá água
nos olhos do povo”, e, refletiu que enfrentaríamos no futuro próximo uma
verdadeira guerra pela sobrevivência, por esta substância líquida e incolor, insípida e
inodora, essencial para a vida da maior parte dos organismos vivos.
Enfim, Lima-Campos está em pé de guerra contra os
pipeiros, mas o poeta Emily Dickinson acalmará os ânimos:
“A água se ensina pela sede;
A terra, por oceanos navegados;
O êxtase, pela aflição;
A paz, pelos combates narrados;
O amor, pela cinza da memória
E, pela neve, os pássaros”.
A terra, por oceanos navegados;
O êxtase, pela aflição;
A paz, pelos combates narrados;
O amor, pela cinza da memória
E, pela neve, os pássaros”.
(Por Fabrício Moreira da
Costa, advogado e contista).
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