domingo, 4 de abril de 2021

A PONTA DO GUARDA



Tenho um estimado e querido amigo, de muitos na polícia, que se elegeu prefeito de uma próspera cidade cearense. 

Simpático, solícito para com todos, é daqueles que sempre chega junto quando os seus precisam de uma força, um aperto de mão forte e seguro, principalmente em momentos difíceis. 

De longa folha de serviços prestados aos seus munícipes, foi ele convocado a entrar na vida pública e palmilhar do Sertão à Cidade apresentando alternativas viáveis daquele chão dantes ressequido. 

Eleito e reeleito, virou referência e tem feito uma gestão que agrada o seu povo e enche de orgulho os seus amigos. Porém, o poder não subiu à sua cabeça; ele continua brincalhão e de bem com a vida.

Conta-nos, um amigo em comum, que de viagem do seu município a Fortaleza de José de Alencar e de Iracema dos lábios de mel, foi parado em uma blitz da polícia. Por andar armado, logicamente, teve que apresentar sua carteira de policial. Solícito, após as solenidades formais, foi dispensado e seguiu viagem... 

Porém, passado um mês, foi ele parado na mesma blitz. E um dos policiais o reconheceu e cuidou de apresentá-lo a todos: 

- "Pessoal, esse nosso amigo é parceiro da polícia. Além de excelente policial, tem sido um bom prefeito de sua terra". 

Por coincidência, na mesma blitz, fazia parte o policial que dias atrás também tinha feito abordagem ao nosso prefeito-policial. Após os esclarecimentos, o colega não se conteve:  

- "Ei, antigão, tu é sabido mesmo né, se apresentou apenas como polícia pra não deixar a ponta do guarda". 

Após uma gargalhada geral dos presentes, o nosso prefeito-policial seguiu, novamente, viagem com a bagagem maior: aumentou em sua imensa agenda os nomes de novos amigos. 

(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).

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