segunda-feira, 20 de junho de 2022

João tá vivo




Roberto Correia Lima que já passeia em outro plano com o mestre Jesus de Nazaré, nasceu nos secos sertões de Lavras da Mangabeira, porém, foi em Icó com nossa prima Nilce Peixoto que construiu uma família alegre, festiva, e se imortalizou por ser um grande contador de anedotas.


Pois bem; a casa de Roberto sempre foi porto acolhedor de muita gente. Da merenda ao jantar todos permaneciam o dia por lá. Criando fatos, uma briguinha aqui e acolá, que mais tarde surgiam como folclore.

Eu estava em casa e, de repente, o telefone toca. Era Ana Liane informando que “João de Lóra” tinha falecido.

João de Lóra era de Lavras, tio de Roberto. "Especial” e morava com os “cancões”, como a família é conhecida. Mas tudo bem, afinal, como diz nosso povo ele tinha “morrido de morte morrida”. Da idade mesmo.

Contratamos o ônibus de Mazinho e partimos para sepultar João de Lóra, em Lavras, como era o seu desejo.

Até aí, tudo bem!

Ocorre, pouco antes de o coveiro iniciar os trabalhos, depois de muita espera dos presentes, ouviu-se um som bem alto, vindo de João, em forma de um “pum”.

Daí, Roberto que não perdia a graça nem nos momentos mais fúnebres, manda parar tudo.

- “João está vivo. João ressuscitou. Como ele é meu tio, não enterro mais não, ele me pertence, pois sou o mais velho aqui presente. Até que apareça um médico para atestar, não deixo mais prosseguir o enterro. João está vivo”, esbravejava Roberto.

Depois de quase duas horas, surge um simpático médico lavrense e, informa que tudo não passava de gases, mas que João de Lóra realmente estava morto.

Depois de um dia cansativo em Lavras da Mangabeira, “João de Lóra”, enfim, foi sepultado deixando saudades e causos pra história.

(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).

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