sábado, 16 de outubro de 2010

SOBERBA E POLÍTICA.

Na lira dos meus vinte anos, me meti em campanha política. Certa vez, como missionário político, cheguei numa comunidade rural e arrogantemente falava, tentando convencer à força os meus interlocutores. Falava mal do adversário político daquele que propagandeava e não dava a oportunidades de fala ao público, que já tinha escolhido o seu candidato, e que àquelas horas da reunião, já queriam esganar-me e jogar-me aos cachorros...

Nessa época, como geralmente acontece com todos os jovens, não tinha a menor noção do que é a humildade e a soberba me dominava. Pensava que tudo sabia e todas as bobagens que externalizava eram coisas sábias. Pobre de mim! Era um néscio.

Entrei pelo cano nesse negócio de política, me lasquei e nunca mais quis saber de política parditária. Mas aprendi uma coisa:

A humildade é base na política.

O político profissional é aquele cidadão que se propõe a ser o representante de uma parcela de povo, ele é um servidor, um empregado da coletividade. O povo é seu patrão, e não ao contrário.

Todavia o que vemos à granel é a humildade do falso político. Esta lembra aquele pedinte de rua, que quanto nos encontra, entorta a cabeça, estende-nos a mão num gesto de extrema submissão e diz com a voz suave: “Uma esmolinha, por amor de Deus”. E assim vai levando, freguês a freguês, e quando chega lá, bem longe, manda o condoído esmoler às favas.

A premissa básica do honesto candidato a cargos públicos é a sinceridade e a coerência de opiniões, é necessário que o eleitor votante veja a transparência de seu representante. Isso vale do simples síndico de prédio, vereador ou presidente da república. A assertividade do homem ou da mulher pública é virtude básica.

Quando o eleitor descobre que ali está apenas um demagogo, um ator, cai fora. Em princípio ele duvida do que ouve e vê, não acredita que aquele ou aquela em quem depositou a sua confiança não era digno desta confiança.

Ás vezes apaixonadamente o eleitor deixa que as coisas aconteçam diante de seu nariz e não quer acreditar, ou finge que não acreditou nas falsas palavras, mas no fundo sabe muito bem da profunda decepção que sofreu e como tal iludido, ainda insiste naquilo que já está perdido, Pobre teimoso, merece sofrer.

Na atualidade a política profissional é um negócio como outro qualquer. Revestida da beleza democrática, desta nada tem, é uma complexa manipulação das massas e como tal move-se pela propaganda, segue o ritmo das pesquisas de opinião, o candidato fala aquilo que os profissionais do marketing mandam falar, veste o figurino produzido para formar a personalidade, o caráter é construído nos escritórios de propaganda, a biografia tecnicamente forjada, enfim tudo é uma grande encenação, ao gosto dos ventos e do populacho iludido. Há muito dinheiro investido, uma derrota eleitoral é um grande prejuízo econômico, muitos jogaram seus dólares naquela "jogada", não se pode perder. É uma espécie de corrida de cavalos.

Os Partidos políticos funcionam como grandes empresas, com metas a serem cumpridas, o ator de frente é treinado e retreinado com os artifícios da oratória e do convencimento, técnicas de comunicação moderna. Sabe-se muito pouco daquele ou daquela pessoa. Os meios de comunicação modernos os tornam íntimos de nossa casa, freqüentam as nossas salas, quartos e ruas, até parecem que são membros da nossa família. Os chamamos pelo nome simples de família, até que um dia se tornam “sua excelência” longe de nós.

Por isso, lembrei-me de um homem simples, que me repreendeu numa daquelas reuniões que citei ao iniciar esse texto:

“Meu filho, quando se quer pegar a galinha, não se diz xô. Lança-lhe o milho”.

Opinion\Washington Luiz Peixoto Vieira).

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