Roberto Correia Lima, que
passeia em outro plano com o mestre Jesus de Nazaré, nasceu nos secos sertões
de Lavras da Mangabeira, porém, foi em Icó com nossa prima Nilce Peixoto que
construiu uma família alegre, festiva, e se imortalizou por ser um grande
contador de anedotas.
Pois bem, a casa de Roberto
sempre foi porto acolhedor de muita gente. Da merenda ao jantar, todos
permaneciam o dia por lá, criando fatos, que mais tarde surgiam como folclore.
Eu estava em casa e, de
repente, o telefone toca. Era Ana Liane informando que “João de Lóra” tinha falecido.
João de Lóra era de Lavras,
tio de Roberto, era “especial” e
morava com os “cancões”. Mas, tudo
bem, afinal, como diz nosso povo ele tinha “morrido
de morte morrida”. Da idade mesmo.
Contratamos o ônibus de
Mazinho e partimos para sepultar João de Lóra, em Lavras, como era seu desejo.
Até aí, tudo bem!
Ocorre, pouco antes de o
coveiro iniciar os trabalhos, depois de muita espera dos presentes, ouviu-se um
som bem alto, vindo de João, em forma de um “pum”.
Daí, Roberto que não
perdia a graça nem nos momentos mais fúnebres, manda parar tudo.
- “João está vivo. João ressuscitou. Como ele é meu tio, não enterro mais
não, ele me pertence, pois, sou o mais velho aqui presente. Até que apareça
aqui um médico para atestar, não deixo mais prosseguir o enterro. João está
vivo”, disse Roberto.
Depois de quase duas
horas, surge um simpático médico lavrense e, informa que tudo não passava de
gases, mas que, João de Lóra realmente estava morto.
Retomando os trabalhos,
novamente é interrompido. Romilda Correia Lima, também sobrinha de João, pede a
palavra para despedidas.
Com muitas flores às mãos,
Romilda começa a jogar sobre o corpo de João e diz: “João diga a mamãe e papai
que estou muito bem; diga aos meus queridos avós que sou muita grata por tudo
que eles fizeram; diga aos meus irmãos que já estou velha e já-já seguirei
também”.
As suas recomendações, a
João de Lóra, só teve finalização, quando Nélia
Rúbia entrou em ação: “Tia Romilda
deixe de conversar besteira e vamos logo enterra João de Lóra. A senhora sabe
que João não sabia dá recado nem quando era vivo, quanto mais agora morto”.
Depois dum cansativo dia,
partindo do Icó à Lavras da Mangabeira, “João
de Lóra”, enfim, foi sepultado deixando saudades e causos pra história.
(O fato, em referência, é
verdadeiro e faz parte de muitas histórias, vivenciadas pelo convívio da
família de Roberto Correia Lima).
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