domingo, 23 de março de 2014

Jurgem é quem conta!




Roberto Correia Lima, que passeia em outro plano com o mestre Jesus de Nazaré, nasceu nos secos sertões de Lavras da Mangabeira, porém, foi em Icó com nossa prima Nilce Peixoto que construiu uma família alegre, festiva, e se imortalizou por ser um grande contador de anedotas. 

Pois bem, a casa de Roberto sempre foi porto acolhedor de muita gente. Da merenda ao jantar, todos permaneciam o dia por lá, criando fatos, que mais tarde surgiam como folclore.

Eu estava em casa e, de repente, o telefone toca. Era Ana Liane informando que “João de Lóra” tinha falecido.

João de Lóra era de Lavras, tio de Roberto, era “especial” e morava com os “cancões”. Mas, tudo bem, afinal, como diz nosso povo ele tinha “morrido de morte morrida”. Da idade mesmo.

Contratamos o ônibus de Mazinho e partimos para sepultar João de Lóra, em Lavras, como era seu desejo.

Até aí, tudo bem!

Ocorre, pouco antes de o coveiro iniciar os trabalhos, depois de muita espera dos presentes, ouviu-se um som bem alto, vindo de João, em forma de um “pum”.

Daí, Roberto que não perdia a graça nem nos momentos mais fúnebres, manda parar tudo. 

- “João está vivo. João ressuscitou. Como ele é meu tio, não enterro mais não, ele me pertence, pois, sou o mais velho aqui presente. Até que apareça aqui um médico para atestar, não deixo mais prosseguir o enterro. João está vivo”, disse Roberto.

Depois de quase duas horas, surge um simpático médico lavrense e, informa que tudo não passava de gases, mas que, João de Lóra realmente estava morto.

Retomando os trabalhos, novamente é interrompido. Romilda Correia Lima, também sobrinha de João, pede a palavra para despedidas.

Com muitas flores às mãos, Romilda começa a jogar sobre o corpo de João e diz: “João diga a mamãe e papai que estou muito bem; diga aos meus queridos avós que sou muita grata por tudo que eles fizeram; diga aos meus irmãos que já estou velha e já-já seguirei também”.

As suas recomendações, a João de Lóra, só teve finalização, quando Nélia Rúbia entrou em ação: “Tia Romilda deixe de conversar besteira e vamos logo enterra João de Lóra. A senhora sabe que João não sabia dá recado nem quando era vivo, quanto mais agora morto”.

Depois dum cansativo dia, partindo do Icó à Lavras da Mangabeira, “João de Lóra”, enfim, foi sepultado deixando saudades e causos pra história.

(O fato, em referência, é verdadeiro e faz parte de muitas histórias, vivenciadas pelo convívio da família de Roberto Correia Lima).     
  

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