Icó: Cacau E As Raízes Que Curam.
Passar na banca do Cacau no Mercado Público da ribeira dos Icós para pegar uma raiz medicinal, já era um costume dos que estavam sentindo alguma “murrinha no corpo” ou qualquer outra enfermidade.
O “meizeiro” sempre tinha recomendação do chá caseiro para dar alívio e regredir a moléstia. Esse costume vem de longas décadas e perdurará por muito mais tempo ainda, depois do reconhecimento público da medicina e a divulgação insistente dos naturalistas.
O grande escritor João Brígido, parcialmente icoense, certa vez escreveu suas traquinices de infância no Icó citando-as com riquezas de detalhes, que não poderia deixar de registrar:
“De volta ao Icó, quebrei a cabeça com uma pedra, enterrei no calcanhar um prego que meu pai teve dificuldades de arrancar, derrubei um pilão por sobre mim perdendo os sentidos. Numa topada correndo, me saltou ao longe, limpa e seca, uma unha do pé; duma canelada fraturei uma tíbia. Por amor disto tomei gumitórios, purgas e relaxantes, como chamavam as velhas do Icó”.
A mezinha era a salvação das camadas mais desfavorecidas, onde comprar remédio era algo inatingível, exceto quando conseguia fiado por generosidade do dono da farmácia, que arriscava não receber ou quando muito ganhava um atencioso afilhado.
E a figura típica de Seu Cacau era ao mesmo tempo inconfundível pela sua aparência carismática de uma excepcional individualidade, dava ao Mercado Público aquele toque de uma solução para cada problema de saúde, ou melhor, de doença.
* Texto de Gilson Moreira publicado no O Povo Online.
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