Como bom nordestino e amante deste torrão ressequido, sempre tive vontade de conhecer o rio São Francisco – de alcunha Velho Chico, igualmente, lembrando o cancioneiro Jorge de Altinho em sua música popular, que “atravessar a ponte Presidente Dutra onde interliga os municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro na Bahia, e bem próximo sentir a importância desse manancial para o nosso povo é algo extraordinário”.
A seca que graça no nordeste de há muito é considerada uma verdadeira indústria da miséria capitaneada pela velha política para aprisionar os nossos camponeses a beira da quase inanição e, dela, tirar proveito eternamente nos pleitos eleitorais e a sua assunção ilimitada ao poder em suas várias esferas de discussão.
A transposição das águas do Rio São Francisco ao semiárido nordestino sempre foi um tema debatido em sua amplitude, mas, registre-se, que as vozes divergentes sempre alertaram que o projeto da forma posta, iria levar o valente Rio nascido no Estado de Minas Gerais a morte, com falácias demagógicas, ao invés de um estudo rigoroso e tão importante à vida prática do presente e do futuro.
O São Francisco
Matéria veiculada no jornal Estado de Minas, à época, afirma que o São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Januária, Bonito de Minas, Manga, Matias Cardoso e Jaíba – dois mil e novecentos quilômetros de leito em uma bacia hidrográfica que irriga uma área quase igual à da França, abastece perto de 13 milhões de pessoas (sic).
Os números superlativos do Rio São Francisco combinam com seu passado de fartura. Época em que por suas águas circulavam grandes vapores, apitando enquanto rasgavam a correnteza levando mercadorias e pessoas. Com o tempo, o leito foi minguando, sendo sugado de um lado, aterrado de outro, poluído por todos.
"Tanto que a história do chamado Rio da Integração Nacional desaguou a um ponto em que, hoje, até a passagem de pequenas canoas é difícil em certos trechos", afirmam os proprietários de pequenas e médias embarcações.
Agredido século após século, em seu lento curso de agonia, o Velho Chico chegou ao mais baixo volume de sua história.
Para ambientalistas e professores a obra de engenharia utilizada agravou os problemas do manancial e ainda pode ser fatal para a bacia. Eles destacam que a transposição do São Francisco tende a acelerar o processo de assoreamento e pode, em curto espaço de tempo, levar à morte a maioria dos afluentes do São Francisco, incluindo o próprio rio, associado ao desmatamento.
Os pesquisadores do Velho Chico sempre advertem que “em termos ambientais, herdamos a possibilidade de viver um futuro incerto, com rios secos e a água potável cada vez mais difícil e cara”.
(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).
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