O jornalista Macário Batista resolveu, enfim, escrever suas crônicas dos fatos que ele vivenciou pelo Brasil e o mundo afora.
E sempre consegue contá-las com o mesmo entusiasmo de quando, há mais de cinco décadas, escreveu a sua primeira página de texto em máquina olivetti para a redação do jornal em que trabalhava.
Pois bem, aproveito a carona do título que o inspirou para lembrar de Antônio Batista Vieira, o Padre Vieira, que foi partícipe de grandes eventos que marcaram a história dessa nossa tricentenária Icó. Seja como vigário irreverente, político destemido, preparado intelectualmente e cidadão muito perspicaz.
Foi a perfeita expressão do autêntico sertanejo, nascido na Serra dos Cavalos no Município de Várzea Alegre, em 1919.
Professor, jornalista e escritor, além de religioso, lecionou latim e grego no Seminário de Crato de 1942 a 1953 e foi redator-chefe do jornal Ação, daquela cidade, de 1944 a 1953.
Vigário da paróquia de Icó de 1954 a 1962, lecionava também português e sociologia educacional neste torrão.
Trabalhou ainda como cronista do jornal O Povo de 1955 a 1965.
Em 1964, fez curso de planejamento de pesquisa social e econômica, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
No pleito de novembro de 1966 elegeu-se Deputado Federal pelo Estado do Ceará na legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado no país em abril de 1964.
Assumindo o mandato em fevereiro de 1967, foi vice-presidente da Comissão de Economia da Câmara dos Deputados.
No dia 16 de janeiro de 1969, teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos com base no Ato Institucional nº 5 (13/12/1968).
Foi ainda diretor do Ginásio Nossa Senhora da Expectação e pertenceu à Associação Cearense de Jornalistas.
DE VOLTA AO ICÓ
Em Icó, Padre Vieira lançou alguns de seus livros, em memoráveis noites nos calçadões do Teatro da Ribeira dos Icós. Estive por lá, à época, acompanhando o meu pai Aristóteles Costa e, meu tio, Reinaldo Costa.
Após a solenidade simples que reunia tão-somente os cidadãos que tiveram o privilégio de sua estada em Icó, o padre tomava algumas doses boas de uísque. Bebia muito bem, por sinal.
Anos depois, participei na condição de vice-prefeito de Icó, da solenidade na Câmara de Vereadores que lhe outorgou o título de cidadania icoense.
O padre de discurso vibrante e forte, naquela noite fez uma fala escrita aos presentes, polêmico, mas histórico do que nesta terra presenciou.
Ao final, jogou o texto escrito à plateia e as autoridades que apenas o aplaudiram.
Foi sua última vez em solo icoense!
- Faleceu em 19 de abril de 2003. Aos 83 anos.
(Uma pena que não encontrei mais a fotografia de sua presença na Câmara de Vereadores e nem o seu discurso escrito. Que guardei por anos em meu escritório. Voltarei ao assunto).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.